A Importância do Sonho
A IMPORTÂNCIA DO SONHO
Desde os tempos mais remotos, o homem utiliza seus sonhos para obter conselhos, resolver problemas e curar suas enfermidades. Antigas gravações sobre tábuas de pedra revelam que os Gregos, do século VI a.C. ao século V d.C., realizavam nos santuários de Esculápio - deus da saúde, curas miraculosas através dos sonhos, mas eles não foram os únicos. Hebreus, Egípcios, Hindus, Chineses, Japoneses e Muçulmanos também praticaram a cura através dos sonhos. Até mesmo Hipócrates - pai da medicina moderna, escreveu um "Tratado dos Sonhos" onde indica a utilização terapêutica de certos símbolos oníricos.
Portanto, a humanidade, desde os primórdios dos tempos, sempre se interessou pelos sonhos. Desde a mais remota antiguidade, o homem tem guardado através das Tradições Espirituais, chaves de interpretação dos sonhos. Assim, a terapia através dos sonhos, seja de inspiração freudiana ou junguiana, tem sua origem na antiguidade.
Para Freud, o sonho é a expressão, ou mesmo a realização de um desejo reprimido, sendo uma via para se chegar ao conhecimento da alma. Seu método de interpretação dos sonhos é etiológico e retrospectivo, isto é, o sentido do sonho é procurado na causa do sonho, no que o precede e seu enfoque é no objeto sonho, decompondo seu conteúdo através de sua trama complexa de reminiscências, de lembranças que são o eco de condições exteriores.
Para Jung, o sonho é a auto-representação, espontânea e simbólica, da situação atual do inconsciente, isto é, ele é uma auto-descrição do processo da vida psíquica do indivíduo. O método junguiano é teleológico e prospectivo, isto é, o sentido do sonho é procurado no futuro imediato do sujeito, na intenção realizadora do sonho. Como se pode ver, seu enfoque é no sujeito, isto é, estabelece-se uma relação de cada elemento do sonho com o sujeito.
Entretanto, o interesse pelos sonhos hoje, não se limita apenas ao âmbito da Psicologia. O seu estudo se tornou uma exploração científica importante e a ciência começa a descobrir o que os povos da antiguidade, os yogues tibetanos e algumas tribos da Malásia têm praticado há muitos séculos.
A partir de Freud, o estudo dos sonhos recobrou um respeito perdido fazia muito tempo ao abrir a possibilidade de ser abordado cientificamente. Diversos autores têm elaborado desde então suas respectivas visões para se aproximar do tema, centrando-se em sua aplicação na psicologia clínica.
Paralelamente, o público geral foi recuperando o interesse nos sonhos que, embora não estivesse completamente perdido, tinha ficado relegado ao anedótico. Hoje, há cada vez mais livros com um enfoque sério acessíveis ao leitor não especializado, assim como cursos e grupos de trabalho com sonhos dos quais a pessoa pode se beneficiar sem estar precisando necessariamente de psicoterapia. Prestar atenção aos sonhos, fazer um diário e participar de um grupo de trabalho com sonhos são atividades que, em nossos dias, vem realizando um número crescente de pessoas em todo o mundo, e isso pelos mais diversos motivos: para uns, facilita ou enriquece as relações afetivas; a outros proporciona um maior rendimento e criatividade no trabalho; há também os que sentem clarificar suas inquietações espirituais, assim como os que participam simplesmente por estarem interessados no mundo dos sonhos.
Ainda existe, porém, uma tendência a considerar os sonhos como algo prescindível. Podem despertar a curiosidade de muitas pessoas e não é raro, em conversas casuais, alguém admitir ter ficado profundamente impressionado com algo que sonhou em determinado momento, mesmo sem compreender muito bem o motivo dessa fascinação. Mas muitos são ainda os que consideram mera superstição a possibilidade de extrair um ensinamento dos sonhos, ou mesmo aceitando a possibilidade de um trabalho sério com esse fim, não sabem onde procurar, não confiam nas ofertas que podem aparecer ou, simplesmente, na hora de lhes dedicar o tempo e o esforço necessário, consideram que existem outras prioridades.
Habitualmente, enxergamos a nós mesmos e ao mundo a nossa volta através de determinados hábitos de percepção formados ao longo da nossa história pessoal, a partir da educação que recebemos e de formas rotineiras de atuação que temos adotado mais ou menos irrefletidamente. Estes hábitos dificultam tomar consciência das infinitas possibilidades que oferece a vida. Os sonhos mostram aquilo que foi deixado de lado durante a vigília, oferecendo-nos a oportunidade de reconsiderar nossos preconceitos e ressarcir erros.
O problema é que, por estarmos acostumados demais aos nossos pontos de vista habituais, não conseguimos entender o que os sonhos nos dizem. Utilizando uma linguagem natural, os sonhos sempre ampliam a perspectiva do sonhador; mas trata- se de uma linguagem que esquecemos e temos de redescobrir.
"A arte de interpretar sonhos não se aprende em livros", costumava dizer Jung. A linguagem dos sonhos não é comparável a um idioma convencional, cuja tradução se obtém em um dicionário. Pelo contrário, trata-se de deixar as próprias imagens desenrolarem seu significado.
Quando se está passando por uma crise, é mais fácil questionar os pontos de vista pessoais. Contudo, ver as coisas de um modo diferente e atuar em consequência dá medo. Preferimos nos guiar pelo velho ditado: "É melhor o mal conhecido que o bom por conhecer". Quebrar esquemas assusta, é mais fácil se agarrar aos valores que dita à sociedade, desdenhando a própria verdade interior. Os sonhos são a voz de nossa natureza mais íntima e neles se expressa o mais autêntico de nós mesmos. Eles mostram um caminho e segui-lo representa uma aventura que conduz ao autêntico sentido da vida, desmascarando aquelas atitudes incongruentes com o nosso ser mais profundo, que dominam nossa forma de pensar e agir. Isso nos permite superar limitações que só existem em nossa fantasia. Compreender nossos sonhos nos abre a porta a um caminho de transformação, evolução e superação.
Coluna No Divã - assinada pela Dra. Marisa Martins - Psicóloga - CRP:06/30413-0
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