Hai-kais de Millôr Fernandes
O veludo
Tem um perfume
Mudo.
Diz-me de quem sais,
Grito-te meus ais -
Somos hai-kais iguais.
Nos camarotes
Há equações
Pros decotes.
O hai-kai,
Descobri noutro dia,
É o orvalho da poesia.
No aeroporto cheio
Eu filo
O adeus alheio.
E o medo que mete
Esse espelho
Que não reflete?
Olho, alarmado;
E se a vida for
Do outro lado?
A imagem tua,
Amante, decai;
Como a da lua.
Hai-kais e ilustração by Millôr Fernandes
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