Karma
Apenas nós — e mais ninguém — determinamos se sofreremos ou se seremos felizes. A escolha entre beber veneno ou tomar remédio está em nossas próprias mãos. O remédio pode ter um gosto amargo no momento; o veneno pode até mesmo ter um sabor doce. Mas a longo prazo, o veneno apenas conduzirá ao sofrimento e o remédio a um benefício maior. Quando as pessoas sofrem, elas muitas vezes se perguntam, "O que eu fiz para merecer isto? Sou basicamente uma pessoa boa, mas as coisas continuando saindo erradas. Por quê?" Isto é porque o karma que criamos durante muitas vidas está amadurecendo agora. Quando plantamos as sementes de karma bom através de ações virtuosas, encontramos experiências afortunadas, e quando plantamos as sementes de karma ruim, encontramos experiências muito difíceis, cheias de sofrimento.
Apesar de o karma trabalhar deste modo, tendemos a culpar alguém ou algo — ao invés de nós — mesmos quando as coisas saem erradas. Podemos culpar a poluição do ar ou da água, por exemplo, por uma doença. Podemos atribuir um problema mental ou emocional a algo que nossos pais fizeram a nós quando éramos crianças. É verdade que nossa experiência é influenciada por condições externas, mas fundamentalmente é o nosso karma que produziu essas condições. Por exemplo, nem todos os milhões de pessoas que vivem em uma cidade grande com ar poluído ficam doentes. De modo similar, nem todo ser que vive no alto das montanhas — onde o ar e a água são puros — é saudável. Tanto a base da saúde quanto da doença é o karma.
Não sabemos qual aspecto de nosso karma prevalecerá ou qual experiência nos espera na hora de nossa morte. Mas podemos desenvolver algum insight nisto observando nossa mente desde manhã até a noite. Que tipo de pensamentos surge? Quantas horas passamos contemplando coisas virtuosas e criando virtude com nosso corpo, fala e mente? Quantas horas passamos nos engajando em pensamentos nocivos e negatividade? Quantas horas passamos nos entregando a pensamentos inúteis?
A maioria de nós teria dificuldades para encontrar uma única hora na qual nossos pensamentos e intenções fossem completamente puros. E mesmo se o fizéssemos, isso não seria o bastante. Em um cabo de guerra com uma pessoa de um lado e vinte e três do outro, quem ganhará? Uma hora de virtude é sobrepujada duramente por vinte e três horas de negatividade. Se nossas mentes não estiverem inclinadas para a virtude, não podemos assumir que atingiremos um renascimento superior, um reino celestial ou divino, ou nem mesmo um renascimento humano após esta vida.
Apesar de estarmos sujeitos à lei do karma, podemos mudar nossa experiência purificando as ações passadas através de métodos espirituais. A oportunidade para seguir o caminho espiritual é agora, no bardo desta vida.
Começamos nossa jornada no caminho buddhista tomando refúgio. Como o Buddha Shakyamuni realizou completamente o caminho, indo além do samsara e do nirvana, podemos confiar nele como um guia. O Buddha sustentou um compromisso de não ferir os outros, de parar todas as ações negativas do corpo, toda fala prejudicial e todos os pensamentos negativos e nocivos. Seguindo seu exemplo, nós também fazemos este compromisso, entendendo que se pararmos de prejudicar os outros, não mais iremos experienciar os efeitos do karma negativo. O compromisso de não nos engajarmos em pensamentos, palavras ou ações negativos é a essência do voto de refúgio.
Além de nos abstermos da não-virtude, criamos virtude revertendo o hábito da auto-importância, de sempre nos focarmos sobre nós mesmos. Durante muitas vidas, colocamos nosso próprio benefício antes do benefício dos outros. Ao invés disso, precisamos desenvolver uma motivação verdadeiramente abnegada — a intenção sincera de beneficiar os outros de todos os modos que pudermos através de nosso corpo, fala e mente. Quando agimos consciente e diligentemente com esta motivação pura, geramos virtude, a causa de felicidade futura. Acumular tanta virtude quando possível e dedicá-la para o benefício dos outros é o caminho do bodhisattva. Em essência, significa trazer um bom coração a tudo que fizermos.
Através da meditação, podemos purificar o karma que já criamos usando os quatro poderes. O primeiro poder é o da testemunha. Visualizamos à nossa frente nosso objeto de refúgio, o Buddha por exemplo. O segundo poder é o do arrependimento. Séria e profundamente, nos arrependemos do mal que fizemos aos outros através do corpo, fala ou mente, nesta vida ou em qualquer outra. O terceiro poder é o do compromisso. Nós contemplamos, "Agora que entendi as conseqüências, não mais cometerei ações prejudiciais, não importa o que aconteça". O quarto poder é o da bênção que surge em resposta à nossa fé e oração. Visualizamos as bênçãos de nosso objeto de refúgio como néctar ou luz, que flui através de nós e purifica todo o nosso karma negativo e obscurecimentos. Se fizermos esta prática de purificação diligentemente, seus efeitos se tornarão evidentes em nosso dia, assim como em nossas experiências durante os sonhos.
Fazendo o compromisso de não prejudicar e de purificar as ações prejudiciais passadas, podemos tanto purificar os efeitos do karma que já criamos tanto quanto fechar a porta para o sofrimento futuro.
Apesar de o karma trabalhar deste modo, tendemos a culpar alguém ou algo — ao invés de nós — mesmos quando as coisas saem erradas. Podemos culpar a poluição do ar ou da água, por exemplo, por uma doença. Podemos atribuir um problema mental ou emocional a algo que nossos pais fizeram a nós quando éramos crianças. É verdade que nossa experiência é influenciada por condições externas, mas fundamentalmente é o nosso karma que produziu essas condições. Por exemplo, nem todos os milhões de pessoas que vivem em uma cidade grande com ar poluído ficam doentes. De modo similar, nem todo ser que vive no alto das montanhas — onde o ar e a água são puros — é saudável. Tanto a base da saúde quanto da doença é o karma.
Não sabemos qual aspecto de nosso karma prevalecerá ou qual experiência nos espera na hora de nossa morte. Mas podemos desenvolver algum insight nisto observando nossa mente desde manhã até a noite. Que tipo de pensamentos surge? Quantas horas passamos contemplando coisas virtuosas e criando virtude com nosso corpo, fala e mente? Quantas horas passamos nos engajando em pensamentos nocivos e negatividade? Quantas horas passamos nos entregando a pensamentos inúteis?
A maioria de nós teria dificuldades para encontrar uma única hora na qual nossos pensamentos e intenções fossem completamente puros. E mesmo se o fizéssemos, isso não seria o bastante. Em um cabo de guerra com uma pessoa de um lado e vinte e três do outro, quem ganhará? Uma hora de virtude é sobrepujada duramente por vinte e três horas de negatividade. Se nossas mentes não estiverem inclinadas para a virtude, não podemos assumir que atingiremos um renascimento superior, um reino celestial ou divino, ou nem mesmo um renascimento humano após esta vida.
Apesar de estarmos sujeitos à lei do karma, podemos mudar nossa experiência purificando as ações passadas através de métodos espirituais. A oportunidade para seguir o caminho espiritual é agora, no bardo desta vida.
Começamos nossa jornada no caminho buddhista tomando refúgio. Como o Buddha Shakyamuni realizou completamente o caminho, indo além do samsara e do nirvana, podemos confiar nele como um guia. O Buddha sustentou um compromisso de não ferir os outros, de parar todas as ações negativas do corpo, toda fala prejudicial e todos os pensamentos negativos e nocivos. Seguindo seu exemplo, nós também fazemos este compromisso, entendendo que se pararmos de prejudicar os outros, não mais iremos experienciar os efeitos do karma negativo. O compromisso de não nos engajarmos em pensamentos, palavras ou ações negativos é a essência do voto de refúgio.
Além de nos abstermos da não-virtude, criamos virtude revertendo o hábito da auto-importância, de sempre nos focarmos sobre nós mesmos. Durante muitas vidas, colocamos nosso próprio benefício antes do benefício dos outros. Ao invés disso, precisamos desenvolver uma motivação verdadeiramente abnegada — a intenção sincera de beneficiar os outros de todos os modos que pudermos através de nosso corpo, fala e mente. Quando agimos consciente e diligentemente com esta motivação pura, geramos virtude, a causa de felicidade futura. Acumular tanta virtude quando possível e dedicá-la para o benefício dos outros é o caminho do bodhisattva. Em essência, significa trazer um bom coração a tudo que fizermos.
Através da meditação, podemos purificar o karma que já criamos usando os quatro poderes. O primeiro poder é o da testemunha. Visualizamos à nossa frente nosso objeto de refúgio, o Buddha por exemplo. O segundo poder é o do arrependimento. Séria e profundamente, nos arrependemos do mal que fizemos aos outros através do corpo, fala ou mente, nesta vida ou em qualquer outra. O terceiro poder é o do compromisso. Nós contemplamos, "Agora que entendi as conseqüências, não mais cometerei ações prejudiciais, não importa o que aconteça". O quarto poder é o da bênção que surge em resposta à nossa fé e oração. Visualizamos as bênçãos de nosso objeto de refúgio como néctar ou luz, que flui através de nós e purifica todo o nosso karma negativo e obscurecimentos. Se fizermos esta prática de purificação diligentemente, seus efeitos se tornarão evidentes em nosso dia, assim como em nossas experiências durante os sonhos.
Fazendo o compromisso de não prejudicar e de purificar as ações prejudiciais passadas, podemos tanto purificar os efeitos do karma que já criamos tanto quanto fechar a porta para o sofrimento futuro.
by Chagdud Tulku Rinpoche
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