Difteria


Trata-se de uma doença transmissível aguda, toxi-infecciosa, causada por bacilo toxigênico, que, frequentemente, se aloja nas amígdalas, faringe, laringe, nariz e, ocasionalmente, em outras mucosas da pele. A manifestação clínica típica é a presença de placas peseudomembranosas branco-acinzentadas aderentes, que se instalam nas amígdalas e invadem estruturas vizinhas. Também é conhecida como CRUPE e embora seja passível de controle, ainda observa-se alguns casos, como em 2010, que houve registro de surto no Maranhão. Isso se dá pela baixas coberturas vacinais, principalmente nas regiões mais pobres e distantes dos grandes centros e pelas questões ligadas à falta de saneamento básico e higiene.
O agente etiológico da difteria é um bacilo gram-positivo, denominado Corynebacterium diphtheriae, produtor da toxina diftérica e o reservatório é o próprio doente ou portador. A transmissão se dá por contágio direto com doentes ou portadores através das secreções de rinofaringe. A transmissão indireta, através de objetos recentemente contaminados pelas secreções de orofaringe ou de lesões em outras localizações, também pode ocorrer, embora menos frequentemente. O período de incubação é de 1 a 6 dias, podendo ser mais longo e a transmissibilidade em média até 2 semanas após o início da doença. A antibioticoterapia adequada erradica o bacilo diftérico da orofaringe, 24-48 horas após a sua introdução na maioria dos casos.
A difteria ocorre durante o ano todo, observando-se um aumento da sua incidência nos meses frios (outono e inverno), devido principalmente à aglomeração em ambientes fechados. Contudo, essa diferença não é significativa para as regiões que não apresentam grandes oscilações sazonais de temperatura ou onde a população mantém alto índice de aglomeração durante todo o ano. Ela pode afetar todas as pessoas não imunizadas, de qualquer idade, raça ou sexo. O grupo etário que apresenta maior coeficiente de incidência é o das crianças na idade pré-escolar, quando não imunizadas previamente com esquema básico da vacina DPT. Em situações nas quais as coberturas vacinais com DPT são acima de 80% em crianças, pode haver deslocamento da incidência para outras faixas etárias em pessoas não vacinadas.

Manifestações clínicas:
  • Presença de placas pseudomembranosas branco-acinzentadas;
  • Prostração e palidez;
  • Dor de garganta discreta;
  • Febre não muito elevada, variando entre 37,5 a 38,5°C;
  • Nos casos mais graves, há intenso edema do pescoço, com grande aumento dos gânglios linfáticos dessa área (pescoço taurino);
  • Pode haver edema periganglionar nas cadeias cervicais e submandibulares. Dependendo do tamanho e localização da placa pseudomembranosa, pode ocorrer asfixia mecânica aguda no paciente, o que muitas vezes exige imediata traqueostomia para evitar a morte.

  • Complicações Miocárdicas: é a complicação responsável pelo maior número de óbitos a partir da 2ª semana da doença. É decorrente da ação direta da toxina no miocárdio, ou ainda, por intoxicação do sistema de condução cardíaco. Os sinais e sintomas mais frequentemente encontrados são a alteração de frequência e ritmo, hipofonese de bulhas, hepatomegalia dolorosa, aparecimento de sopro e sinais de I.C.C. As alterações eletrocardiográficas mais encontradas são as alterações de repolarização, extrasistolias, taquicardia ou bradicardia, distúrbio de condução A-V e corrente de lesão.
  • Complicações Neurológicas: são alterações transitórias, decorrentes da ação da exotoxina no sistema nervoso periférico, ocasionando as neurites periféricas. A forma mais comum e mais característica é a paralisia do véu do palato, ocasionando voz analasada, engasgos, regurgitação de alimentos pelo nariz e desvio unilateral da úvula. Pode ocorrer bronco-aspiração. Pode-se observar paresia ou paralisia bilateral e simétrica das extremidades, com hiporreflexia. Geralmente são tardias, ocorrendo entre a segunda e a sexta semana de evolução, mas podem aparecer alguns meses depois. Também pode ocorrer paralisia do diafragma, geralmente tardia, causando insuficiência respiratória. A paralisia dos músculos oculares determinando diplopia, estrabismo, etc, também pode ser observada.
  • Complicações Renais: pode-se detectar a presença de albuminúria em diferentes proporções, de acordo com a gravidade do caso. Na difteria grave, pode se instalar uma nefropatia tóxica com importantes alterações metabólicas e, mais raramente, insuficiência renal aguda. Geralmente, quando há miocardite, pode ocorrer também insuficiência renal grave.
  • Prognóstico: depende do estado imunitário do paciente, da precocidade do diagnóstico e da instituição do tratamento. Em geral, a difteria é uma doença grave que necessita de assistência médico-hospitalar imediata. Os fatores associados ao mau prognóstico são: tempo da doença sem instituição de tratamento (pior se acima de três dias); presença de edema periganglionar; presença de manifestações hemorrágicas; placas extensas na orofaringe; miocardite precoce; e presença de insuficiência renal.

O tratamento se dá com Soro Antidiftérico (SAD), com Antibioticoterapia e a melhor medida de controle é a vacinação.



by Mari Martins
Imagem by Google
Fonte: Doenças Infecciosas e Parasitárias - Guia de Bolso - 8ª edição revista




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