O sujeito e a coisa


 
Há pouco tempo descobri
que entre o sujeito e a coisa dá até pena da coisa.
Ora, a coisa é a coisa e por isto o é.
É coisa porque não tem ação.
É coisa porque não age,
não propulsiona,
não proporciona,
não intervém,
não muda o rumo
nem adianta o rumo de nada.
É coisa, por isso guarda,
por isso parada,
por isso aguarda.
Já o sujeito é o cara.
O que comanda o verbo,
o rei da tarefada.
Então se o sujeito resolve que vai fazer aquela coisa
e põe todo o seu exército de desejos,
sua fileira de vontades
a este serviço,
se o sujeito se incumbe, seriamente,
de seu compromisso de fazer a coisa,
de incidir sobre ela,
de moldá-la a seu gosto e critério,
está este sujeito no lugar certo.
Seu particular império
arranca, desprende o abstrato
do seu conceito de inacontecido
e gera o fato.
Isso é gramático.
Não fui eu quem inventei.
O sujeito é o dono do verbo,
o sujeito é o senhor da ação.
Se o sujeito se voltar para ela,
para o seu acontecimento,
para o único motivo de sua oração,
razão pela qual a paz da obra no coração repousa,
ah… coitada da coisa!

Poema by Elisa Lucinda - www.escolalucinda.com.br
Foto by Mari Martins


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