Mania, Hipomania e Sintomas Mistos



Mania

Episódios de mania duram pelo menos uma semana e podem ter início abrupto ou insidioso, diferenciando-se claramente do comportamento habitual. Causam consequências nos relacionamentos e/ou desgaste profissional, mas a pessoa não acha que está doente. O humor torna-se expansivo, irritável, com impaciência e pressa. Fica mais ativada, energizada, porém, disfuncional. Os pensamentos se aceleram, falta concentração, aumentam ideias e planos, geralmente mal administrados no tempo. Torna-se mais desinibida e falante, inadequada. Surgem sentimentos e pensamentos cunhados de positivismo: grandiosidade, segurança, maior autoestima, senso de razão aumentado, destemor, otimismo exagerado, arrogância, cinismo etc. Pode haver persecutoriedade e aumento de religiosidade, fanatismo ou polemização. A impulsividade aumenta, por exemplo, para consumo de álcool/drogas, gastos/presentes, libido (comportamento sedutor, maior necessidade de sexo, falar mais sobre sexo etc.), uso de celular/eletrônicos ou mudanças no visual (mais tatuagens, piercings, maquiagem ou acessórios). Os horários de sono são reduzidos e erráticos. Surge uma inquietação, uma busca por estímulos. Raramente aparecem delírios e alucinações. Aumenta a capacidade de argumentar, manipular ou coagir os outros e dificilmente a família consegue levar ao médico. Em crise, é difícil lidar com o paciente, pois se torna agressivo e provocativo. Os sintomas podem persistir em leve intensidade nos períodos intercríticos.

Hipomania

A hipomania apresenta os mesmos sintomas, porém em intensidade mais leve do que a mania e, por isso, pode passar despercebida ou ser vista como melhora de uma depressão, atrasando o diagnóstico correto. Não há sintomas psicóticos. O aumento da energia física e mental pode gerar maior produtividade. A pessoa fica mais obstinada por algum tema ou projeto, de modo a focar demasiadamente no assunto do momento. Predominam humor irritável e impaciência, pensar demais ou aceleração de pensamentos e distraibilidade. Para ele, os outros são lentos. A grandiosidade se expressa pelo uso de superlativos, maior senso de razão, amor próprio e segurança. A impulsividade aumenta, com consequências menos graves que na mania. Assim como na mania, existe uma distorção da realidade para o positivo ou desconfiança e maior reatividade aos estímulos positivos. Cada episódio pode durar de dias a anos em intensidade variável. 

O diagnóstico é difícil, especialmente transversalmente, sendo importante um olhar longitudinal retrospectivo para a história de vida do indivíduo. Os sintomas sempre surgem em conjunto, o que diferencia a hipomania de estados isolados de euforia que podem ocorrer em situações normais. Ou seja, no TB, os sintomas compõem um quadro clínico característico e episódico.

Sintomas Mistos

De um terço a metade dos episódios de depressão maior (unipolar) ou bipolar e de (hipo)mania apresentam, concomitantemente, sintomas dos dois polos (maníaco e depressivo), sendo chamados sintomas mistos. De uma hora para outra o indivíduo em hipomania ou depressão pode desenvolver tais sintomas. São os estados de maior risco de suicídio, pois combinam sofrimento com aumento de energia psíquica. As principais queixas são de extrema “ansiedade” ou raiva, o que pode fazer os sintomas serem confundidos com quadros ansiosos, dificultando ainda mais o diagnóstico. O cansaço se superpõe ao pensar demais (turbilhão de ideias), mas catastroficamente, com humor deprimido. A ansiedade resultante é uma mescla de aflição, desespero, desassossego e angústia. Ansiedade ou depressão se associam a impulsividade para compras, abuso de álcool/drogas, cigarro, café, sedativos/hipnóticos/tranquilizantes/estimulantes, fome ou atividades sexuais compulsivas. Costuma piorar ao entardecer. A insônia é grave ou troca-se o dia pela noite. Nestas condições o risco de suicídio é real, quando os pensamentos correm para um beco sem saída: “nada vai melhorar”, “nunca vou conseguir”, “jamais vou dar certo”, com a certeza de ter razão. A aparência externa frequentemente engana, pois não exterioriza a agonia interior. É quando se comenta: “ah, mas ele estava tão bem!”.
Fonte: Revista Ser Médico nº 86
Obs: Casa tenha dúvidas, leia as postagens anteriores.

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