Estou cada dia mais louca, mas tudo bem...
Foto by Mari Martins - Praça do pôr-do-sol - São Paulo/SP |
As pessoas, quando me conhecem, logo de primeira, sempre me acham uma pessoa "estranha" e conforme vão me conhecendo melhor, acabam me confessando, que a primeira imagem foi essa. Sempre ouvi isso. Elas dizem que tenho cara de brava, sou quieta e não falo muito sobre mim ou pergunto nada sobre a pessoa, mas no fundo, isso é uma defesa, sempre acho que a reserva me preserva e me protege. Sou comunicativa, engraçada, perspicaz e ao mesmo tempo, extremamente reservada. Eu sou realmente "estranha" e demorei muito tempo tentando, inclusive, me entender e me conhecer. Eu sou tímida, introspectiva, gosto do silêncio, não gosto de conversar muito, por mais que eu tenha um problema, não procuro ninguém para conversar, tenho uma certa dificuldade em pedir ajuda e costumo me isolar. Não gosto de falar ao telefone, prefiro escrever ao falar, não procuro muito as pessoas e, às vezes, pareço um "ermitão". Sempre fui assim e as pessoas acabam achando que não ligo para ninguém, mas isso não é verdade. Eu sou uma pessoa intensa e que ama muito, só não fico alisando, afagando, abraçando e beijando o tempo todo, eu sou do tipo que prepara uma comidinha gostosa para a família, que cuida, que zela e o meu carinho vem mais em gestos e não fisicamente. As pessoas podem me achar fria, mas a minha vida é um turbilhão, penso o tempo todo e sou muito intensa, sou perfeccionista e tenho mania de arrumação, bem, resumindo, além de tudo, sou chata, rs.
O tempo vai passando e vamos nos descobrindo. Eu realmente sempre fui "estranha". Eu fui aquela criança mimada, que brincava sem se sujar, que nunca apanhou porque se policiava o tempo todo para não fazer nada de errado, eu sempre tive medo de tudo, medo de aborrecer minha mãe que vivia doente, sempre tive medo de que ela morresse, porque sempre ouvi que ela era muito doente e ia morrer, cresci dentro de hospitais e isso me trouxe várias fobias. Sempre tive medo de subir em árvore, nunca subi em nenhuma, medo de não ser perfeita. Que loucura! Assim, com o passar dos anos, fui adquirindo TOC, Síndrome do Pânico e fui saber sobre a Misantropia.
Você deve estar pensando que sou uma pessoa muito complicada e fraca, que estou paralisada perante a vida. Errou! Eu dou a minha cara a tapa o tempo todo, me ponho à prova o tempo todo e me lanço em provações e Deus sabe como. Eu chuto pra longe as pedras que encontro no meu caminho, caio às vezes, vou lá no fundo e me levanto e sigo...
Sou uma rocha! Mesmo tendo TOC "moderado" e sempre usei de muito humor e meus amigos sabem disso, para lidar com a situação. Tive Síndrome do Pânico aos 45 anos e consegui e consigo até hoje controlar meus pensamentos e a respiração à ponto de parar a crise e descobri como fazer isso sozinha, por ter bom conhecimento das minhas limitações e capacidades e o Misantropismo "moderado", também encaro com bom humor. Então, não se aborreça comigo se eu não sou aquela pessoa presente, eu simplesmente sou assim, mas isso não que dizer que eu não "AME".
Por que estou escrevendo sobre isso e me expondo tanto? Porque todos nós temos várias patologias psíquicas, ninguém é perfeito e todos temos que aprender a nos conhecer e tentar viver da melhor forma possível. Não tenha medo, se não consegue enfrentar os problemas sozinho, procure ajuda de um profissional, faça Yoga, aprenda a respirar, faça meditação, mas faça alguma coisa por você! Eu me exponho porque já não tenho mais medo, nem do que as pessoas pensam ou vão pensar sobre mim. Preocupe-se em viver bem! Só isso! Não tenha vergonha!
Ah, pelo amor de Deus, quando escrevem sobre Misantropia, usam termos e palavras muito radicais. Eu não tenho "AVERSÃO AO SER HUMANO". Isso tem que ser revisto.
Bem, você aí que põe a cabeça no travesseiro e fica chorando, levanta e vai contemplar algo belo que a vida é linda e curta, então, não podemos perder tempo. Lembre-se de que: de "Médico e de louco, todo mundo tem um pouco".
Vai na FÉ!
Crônica: Mari Martins
Foto: Mari Martins
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