Molécula criada em laboratório apresenta resultados positivos no tratamento da artrite
Os resultados estão no artigo artigo “Soluble epoxide hydrolase inhibitor, TPPU, increases regulatory T cells pathway in an arthritis model”, publicado no Faseb Journal, da Federation of American Societies for Experimental Biology (Faseb).
A pesquisa recebeu apoio da FAPESP por meio do Projeto Temático “Uso de sistemas de liberação de fármacos para o desenvolvimento e aplicabilidade de agentes anti-inflamatórios com potencial efeito imunomodulador e neuroprotetor”.
“O estudo demonstrou que essa nova molécula é capaz de controlar as manifestações mais graves da doença”, diz à Agência FAPESP o pesquisador Marcelo Henrique Napimoga, diretor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da Faculdade São Leopoldo Mandic e coordenador da pesquisa no Brasil.
A nova molécula é chamada abreviadamente de TPPU, sigla derivada da denominação em inglês 1-Trifluoromethoxyphenyl-3-(1-propionylpiperidin-4-yl) urea. E sua função de interesse é a de inibir a enzima epóxi-hidrolase solúvel (sEH), que desempenha um papel-chave no desencadeamento do processo inflamatório, podendo levar, eventualmente, à inflamação crônica.
“Nosso organismo produz uma substância protetora natural contra a inflamação: o ácido epoxieicosatrienoico (EET). No entanto, a enzima epóxi-hidrolase solúvel (sEH) converte o EET no ácido 1,2-dihidroxieicosatrienoico (DHET), que, além de não ser capaz de controlar a inflamação, pode inclusive apresentar efeitos pró-inflamatórios. A inibição da sEH é, portanto, decisiva no tratamento de doenças inflamatórias, como a artrite reumatoide. É isso que a TPPU faz”, explica Napimoga.
A ilustração nesta página apresenta as fotos das patas de dois camundongos com artrite geneticamente induzida: um tratado com TPPU e o outro não. A imagem mostra que, no animal tratado, houve uma importante diminuição do edema (inchaço) e do escore clínico (o número de dedos afetados). Além disso, segundo Napimoga, o tratamento produziu também a diminuição da dor associada ao quadro inflamatório.
“Isso ocorreu porque o controle do processo inflamatório fez com que a migração de leucócitos para a região afetada pudesse diminuir, não apenas melhorando o quadro como também poupando as cartilagens da degradação”, comenta o pesquisador.
“Além disso, o grupo tratado apresentou um aumento do número de linfócitos T regulatórios, que são células importantes para inibir a inflamação, e uma diminuição dos linfócitos Th17, que são altamente inflamatórios”, acrescenta.
A TPPU foi desenhada de forma a poder ser bem tolerada e absorvida por meio de administração por via oral. “O que ela faz é favorecer um processo natural de defesa, aumentando o número de metabólitos que nosso próprio organismo produz. Isso é uma grande vantagem em comparação com os tratamentos convencionais, que se baseiam no uso de grandes doses de corticoides, com indesejáveis efeitos colaterais”, pontua Napimoga.
“Além do excelente efeito anti-inflamatório, a TPPU demonstrou potente efeito analgésico”, prossegue.
O pesquisador Bruce Hammock, professor da University of California Davis, que desenvolveu a TPPU e foi coautor do artigo publicado no Faseb Journal, recebeu recentemente do National Institute on Drug Abuse (NIDA) uma verba de US$ 15 milhões para fazer o ensaio clínico em humanos de uma terapia não opiácea para o tratamento da dor.
O artigo Soluble epoxide hydrolase inhibitor, TPPU, increases regulatory T cells pathway in an arthritis model pode ser acessado em https://faseb.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1096/fj.202000415R.
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