Um dia ainda eu hei de morar nas terras do Sem-Fim



Cobra Norato (trecho da obra)

Um dia

ainda eu hei de morar nas terras do Sem-Fim.


Vou andando, caminhando, caminhando;

me misturo rio ventre do mato, mordendo raízes.

Depois

faço puçanga de flor de tajá de lagoa

e mando chamar a Cobra Norato.


— Quero contar-te uma história:

Vamos passear naquelas ilhas decotadas?

Faz de conta que há luar.


A noite chega mansinho.

Estrelas conversam em voz baixa.


O mato já se vestiu.

Brinco então de amarrar uma fita no pescoço

e estrangulo a cobra.


Agora, sim,

me enfio nessa pele de seda elástica

e saio a correr mundo:

Vou visitar a rainha Luzia.

Quero me casar com sua filha.


— Então você tem que apagar os olhos primeiro.

O sono desceu devagar pelas pálpebras pesadas.

Um chão de lama rouba a força dos meus passos.

Texto: Raul Bopp
Foto: Mari Martins


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