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Ode triunfal

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(...) Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!  Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!  Em fúria fora e dentro de mim,  Por todos os meus nervos dissecados fora,  Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!  Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,  De vos ouvir demasiadamente de perto,  E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso  De expressão de todas as minhas sensações,  Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas! (...)  Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!  Ser completo como uma máquina!  Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!  Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,  Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento  A todos os perfumes de óleos e calores e carvões  Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!   *Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa. Fonte: Revista Ser Médico nº 86

Linfoma raro é vinculado a implantes mamários

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A  Food and Drug Administration   (FDA) enviou, no início de fevereiro, um comunicado a médicos de família, enfermeiros e outros membros das equipes de saúde nos EUA alertando sobre uma forma rara de linfoma que acomete pessoas com implantes mamários.  Antes, a agência do governo só havia feito alertas do tipo a cirurgiões plásticos.  Segundo a FDA, não se trata propriamente de um câncer de mama, mas um tipo de linfoma não-Hodgkin que cresce lentamente, o linfoma anaplásico de células gigantes ou BIA-ALCL, encontrado, em geral, no fluido próximo ao implante. Mas, em alguns casos, pode se espalhar por todo o corpo. Desde 2011 a Agência identificou associação entre implantes mamários e tumor BIA-ALCL, confirmada oficialmente apenas em 2017. Estima-se a ocorrência de 457 casos, com a morte de nove pacientes. Porém, dados exatos são difíceis de serem obtidos pelas limitações de notificação em nível mundial e falta de dados globais sobre venda de próteses.  A literatura atual relato

Expressões faciais guiam cadeira de rodas

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Um sistema de reconhecimento facial para movimentar cadeiras de rodas foi destaque da Consumer Eletronics Show (CES) 2019, em Las Vegas, EUA. Contando com o apoio da Fapesp, a novidade foi desenvolvida pela startup paulista Hoobox Robotics.  Disponível em kit, tal mecanismo reconhece até dez expressões faciais, como o arquear das sobrancelhas ou o piscar de olhos, capturadas por uma câmera e interpretadas por algoritmos executados por um minúsculo computador, acoplado à cadeira. As expressões são transformadas em comandos de controle, como ir para frente, para trás, girar para a esquerda e para a direita.  Neste momento, 60 tetraplégicos, portadores de esclerose lateral amiotrófica (ELA), ou com sequelas de AVC nos EUA, entre outros, estão usando um protótipo do sistema, a um custo de US$ 300 por mês, para subsidiar a pesquisa. Ainda  não há previsão de comercialização no Brasil.  Fonte: Agência Fapesp/Imagem do Google

Tarsila Popular

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De 5 de abril a 23 de junho, o MASP [Museu de Artes de São Paulo] vai receber a exposição Tarsila Popular. Esta é a mais ampla exposição já dedicada à artista, reunindo 92 obras a partir de novas perspectivas, leituras e contextualizações. O enfoque da exposição é o "popular", noção tão complexa quanto contestada, e que Tarsila explorou de diferentes modos em seus trabalhos ao longo de toda a sua carreira. O popular está associado aos debates sobre uma arte ou identidade nacional e a invenção ou construção de uma brasilidade. QUANDO:  quarta a domingo, das 10h às 18h [bilheteria aberta até as 17h30] e terça-feira das 10h às 20h [bilheteria até 19h30] ONDE:  Museu de Arte de São Paulo - MASP QUANTO:  R$ 20,00 a R$ 40,00

Cantarolando

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Vídeo do YouTube Milton Nascimento - Benke

Minha pátria em três lamentos

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I – VIA DOLOROSA Abro este poema com cuidado. É delicado e afiado como a própria vida. Nossa Bandeira sangra. Inchada pálida febril nossa democracia na UTI dos insensatos. Que ferramentas desumanas danificaram a Carta Magna? A tirania dos cifrões? A insolência das proles de luxo – ignorâncias incuráveis criadoras de sultões? Ai Brasil, que vergonha! Triste horizonte, este! A solidão tornou-se constitucional os ossos dos punhos mais livres que os sonhos. Provincianos, ressentidos somos bem os donos das cenas mais patéticas de uma sociedade de equívocos. Insones, criamos forças utópicas esquecendo a semiótica do drama. Nem Marx resistiria. Nietzsche, definitivamente não reencarnou por aqui. II- VIA DOLOROSA Ando com ares de rainha exilada. Tenho rodopiado nas persianas da janela . Observo aranhas marrons no vaso sobre a mesa da Terra. Lembrei das imagens recentes em todas as capitais. Me dirigi à janela

British Council realiza workshop sobre migração e tráfico de pessoas

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Agência FAPESP –  O workshop Migração, Tráfico, Trabalho Sexual e a Lei será realizado de 30 de junho a 4 de julho de 2019 na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O evento tem apoio da FAPESP, do Newton Fund e do British Council, no âmbito do programa Researcher Links.  O objetivo é analisar as articulações entre migração, tráfico de pessoas e trabalho sexual. O evento é indicado para pesquisadores em início de carreira, vinculados a instituições baseadas no Estado de São Paulo ou no Reino Unido. A proposta é tratar dos temas “Mudanças nas respostas governamentais ao tráfico e migração humana nos últimos dez anos” e “A migração de brasileiros no contexto das políticas contemporâneas sobre migração, tráfico e trabalho sexual”. Serão debatidos esses fenômenos em profundidade e com uma perspectiva histórica. Um terceiro tema importante do workshop será a discussão dos pânicos morais que circundam o fenômeno da migração feminina europeia no final do século 19 e no início

Alunos da USP criam jogo para ensinar programação usando robôs virtuais

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Agência FAPESP – O projeto criado por alunos do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, e intitulado Robosquadrão foi escolhido como um dos finalistas da sétima edição do programa Campus Mobile. Robosquadrão é um game em que o jogador pode aprender uma habilidade, treinar, lutar, cooperar, resgatar e curar um robô virtual. A autoria é de Eleazar Braga, Gabriel Simmel e Óliver Becker, que fazem parte do grupo Fellowship of Game, voltado ao desenvolvimento de jogos. Os robôs não podem ser controlados diretamente, é necessário criar um código para controlá-los. Cada fase demanda uma nova tarefa, que precisa ser codificada e inserida no script, para que o robô dê mais um passo, realize mais uma missão e tenha um novo aprendizado. A iniciativa tem como objetivo promover o contato dos jovens com a programação de um jeito mais atraente e inclusivo. Por isso, o trio desenvolveu o jogo direcionado para jovens do ensino

Trabalho escravo perdura no mundo contemporâneo

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José Tadeu Arantes  |  Agência FAPESP – As formas históricas de escravidão, com cerceamento à liberdade por meio de grilhões e feitores, quase desapareceram no mundo contemporâneo. Mas, com outras ambientações, não menos violentas, condições análogas às do trabalho escravo subsistem e constituem um elo importante nas cadeias produtivas da economia capitalista do século 21. Essa evidência permeou as apresentações e os debates do seminário internacional “Trabalho escravo contemporâneo e tráfico de pessoas: desafios para a erradicação”, realizado no dia 13 de maio no auditório da FAPESP, em São Paulo. O evento foi organizado pela Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, do Ministério Público do Trabalho (MPT), em parceria com o Observatório de Direitos Humanos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e com a FAPESP.  Silvio Beltramelli Neto, professor titular da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e integrante do Ministério Público

Cantarolando

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Vídeo do YouTube Tribalistas - Carnavália

Água-Viva

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Visível, invisível, … um encanto flutuante uma ametista âmbar-viva …. a habita, teu braço se aproxima e ela abre … e fecha; o pensamento de agarrá-la e ela estremece; … abandonas teu intento. Poema: Marianne Moore Foto: Mari Martins

Libreflix, serviço de streaming aberta, colaborativa e gratuita

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Reúne produções audiovisuais independentes, de livre exibição e que fazem pensar Os criadores do projeto defendem novas formas de compartilhamento da cultura. Formas que atinjam todas as pessoas, principalmente as que não podem pagar por ela. Formas que conectem os artistas direto com os fãs. E até formas que permitam que artistas criem algo novo à partir do trabalho de outros artistas. O curitibano  Guilmour Rossi , de 21 anos, lançou em meados de julho o  Libreflix , uma plataforma de streaming gratuita com um conceito baseado na cultura livre. A ideia é distribuir obras sem custos para o consumidor e para o intermediário, sem ferir direitos autorais. O próprio usuário pode submeter produções audiovisuais à plataforma. Para isso, basta criar uma conta e enviar o arquivo — o que não quer dizer que o filme, curta ou série será adicionado imediatamente. A equipe da Libreflix faz uma pesquisa para ver se não há problema em liberar o título antes de acrescentar ao catálogo.

A beleza não existe. Só está na mente dos seres humanos’ – diz neurocientista

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O belo não existe no mundo em que vivemos, ouvimos ou tocamos. Não reside em nada do que nos cerca. Só está na mente dos seres humanos Quando escuto em um grande auditório o último movimento da Nona Sinfonia de Beethoven, tocada por uma grande orquestra, e com um grande coral, experimento “algo” que me transporta. É algo sublime, algo que me domina, me subjuga, me torna pequeno. Também não posso evitar esse outro sentimento diferente, que deixa meus olhos colados àqueles sóis flamejantes, àqueles céus azuis retorcidos pela tempestade pintados por  Van Gogh . Olhar para aquelas pinturas me subjuga. Sem dúvida, todo mundo sabe que estou falando de beleza. Ao falar dessa maneira, parece evidente que contemplamos uma beleza que é inerente ao que se ouve ou se vê, mas não é assim. A beleza não existe no mundo que vemos, ouvimos ou tocamos. Não existe em nada que nos rodeia. O mundo não possui nenhuma beleza; não é, em nada, uma propriedade inerente a ele. A beleza é criada pelo

Lira Itabirana

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Os ninguéns

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As pulgas sonham com comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico a sorte chova de repente, que chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura. Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada. Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos: Que não são, embora sejam. Que não falam idiomas, falam dialetos. Que não praticam religiões, praticam superstições. Que não fazem arte, fazem artesanato. Que não são seres humanos, são recursos humanos. Que não tem cultura, têm folclore. Que não têm cara, têm braços. Que não têm nome, têm número. Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local. Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata. — Ed