Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . . No céu de outono, anda um langor final de pluma Que se desfaz por entre os dedos, vagamente . . . Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . . Tudo se apaga, e se evapora, e perde, e esfuma . . . Fica-se longe, quase morta, como ausente . . . Sem ter certeza de ninguém . . . de coisa alguma . . . Tem-se a impressão de estar bem doente, muito doente, De um mal sem dor, que se não saiba nem resuma . . . E os galos cantam, no crepúsculo dormente . . . Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . . A alma das flores, suave e tácita, perfuma A solitude nebulosa e irreal do ambiente . . . Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . . Tão para lá! . . . No fim da tarde . . . além da bruma . . . E silenciosos, como alguém que se acostuma A caminhar sobre penumbras, mansamente, Meus sonhos surgem, frágeis, leves como espuma . . . Põem-se a tecer frases de amor, uma por uma . . . E os gal...