Grupo investiga mecanismos de doenças neurodegenerativas

Grupo investiga mecanismos de doenças neurodegenerativas



Um grupo de pesquisadores britânicos e de São Paulo busca entender como funcionam os neurônios de portadores de doenças neurodegenerativas sem a necessidade de retirar amostras de cérebro. Graças a técnicas de reprogramação celular, células-tronco são obtidas a partir de amostras de pele e, em seguida, são diferenciadas em neurônios.
O projeto consiste primeiramente em descrever como as mitocôndrias (organelas que produzem energia para as células) e os neurônios se comportam nas síndromes de Wolfram e de Niemann-Pick, desordens neurodegenerativas infantis raras e de origem genética.
A partir dessas avaliações, os pesquisadores vão determinar uma possível via de sinalização que será igualmente investigada em outras desordens degenerativas, mas de causa não ainda definida, como a esclerose lateral amiotrófica (ELA).
“Primeiro vamos verificar como a neurodegeneração ocorre, focando na autofagia [mecanismo pelo qual a célula destroi as próprias organelas defeituosas], especificamente na degradação de mitocôndrias disfuncionais em doenças infantis raras. Isso porque há uma chance maior de haver fenótipos mais claros, provavelmente porque começam a aparecer mais cedo. Além disso, já estamos testando drogas que podem melhorar a viabilidade de neurônios dessas doenças”, disse Sovan Sarkar, professor da Universidade de Birmingham e um dos palestrantes da FAPESP Week London, ocorrida em 11 e 12 de fevereiro de 2019.
Casos raros
A síndrome de Wolfram é uma desordem genética que acomete o sistema nervoso central e periférico, além dos tecidos neuroendócrinos. Pode causar diabetes mellitus tipo I, diabetes insípida, atrofia óptica, surdez e diversos outros transtornos neurológicos. Já a doença de Niemann-Pick está relacionada ao acúmulo de lipídeos em órgãos como cérebro, baço e fígado, prejudicando seu funcionamento.
Sarkar explicou que a compreensão dos mecanismos dessas duas síndromes levarão a um modelo para ser aplicado em doenças de causas menos conhecidas. O foco na autofagia, capacidade da célula de eliminar proteínas defeituosas e organelas disfuncionais, se dá pelo fato de seu mau funcionamento estar associado a uma série de doenças.
pesquisa é financiada por um convênio da Universidade de Birmingham com a FAPESP e tem como pesquisadora brasileira Tatiana Rosenstock, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Antes de obter o auxílio da FAPESP, Rosenstock havia sido contemplada em 2017 e 2018 pelo programa Brazil Visiting Fellow, da Universidade de Birmingham, e pela Rutherford Fellow.
“Foi bastante importante dar esses passos iniciais da pesquisa com financiamento das bolsas que recebi da Inglaterra para a caracterização dos modelos, além de poder ter aprendido no ano passado como lidar com células-tronco”, disse a pesquisadora, presente na FAPESP Week London.
A escolha em usar células-tronco pluripotentes induzidas (hiPSC, na sigla em inglês) e células-tronco embrionárias humanas (hESCs, na sigla em inglês) foi para obter um modelo mais próximo do real, diferentemente do que seria utilizar modelos animais ou células comerciais.
Além dos resultados, que podem futuramente ajudar pacientes com doenças neurodegenerativas, a parceria já construiu um intercâmbio entre os pesquisadores e seus alunos.
“Estou me beneficiando ao analisar a mitocôndria e sua função, que é a especialidade da Tatiana. Enquanto isso, ela busca entender a autofagia e ainda aprendeu a usar células-tronco para fazer neurônios. É uma relação simbiótica fantástica, em que ambos os grupos se beneficiam”, disse Sarkar.
Fonte: Agência Fapesp

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